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2026: O Ano do "Caos Organizado" da Reforma Tributária

2026: O Ano do "Caos Organizado" da Reforma Tributária

A euforia inicial da simplificação dará lugar ao maior desafio de compliance que as empresas brasileiras já enfrentaram: a convivência de dois mundos.

Aprovada a Reforma Tributária, o debate público rapidamente se moveu das complexidades políticas para as promessas de um futuro com IVA (IBS e CBS) unificado, transparente e não cumulativo. A narrativa é de simplificação e crescimento econômico.

O ano de 2027 é visto como o "marco zero" da nova era. Mas isso é uma ilusão. O verdadeiro "Dia D" para os empresários e para os departamentos fiscais será 1º de janeiro de 2026.

Esqueça, por um momento, a alíquota final de 27,5% ou 28%. O desafio de 2026 não é o percentual, mas a coexistência. Este será o ano teste, o período em que operaremos com um "Frankenstein" tributário: o sistema atual, complexo e combalido, e o embrião do novo sistema, funcionando simultaneamente.

O maior desafio de 2026 é puramente operacional. Neste ano, as empresas terão que lidar com:

1. O Sistema Atual (Quase) Intacto: o PIS, a COFINS, o ICMS e o ISS continuarão vigentes, com suas milhares de regras, regimes especiais, substituições tributárias e exceções.

2. O Sistema Novo (Em Teste): simultaneamente, teremos a introdução da CBS (federal) com alíquota de 0,9% e do IBS (estadual/municipal) com alíquota de 0,1%.

O desafio é claro: departamentos fiscais terão que rodar duas apurações paralelas. Duas bases de cálculo distintas, dois conjuntos de regras de creditamento (mesmo que o novo seja amplo) e, muito provavelmente, duas obrigações acessórias distintas.

O segundo desafio é tecnológico. Os sistemas de gestão empresarial são o coração da apuração fiscal. Esses sistemas foram customizados por décadas para lidar com a complexidade atual do PIS/COFINS não cumulativo, do IPI por fora e da guerra fiscal do ICMS.

Agora, em 2026, esses mesmos ERPs deverão ser capazes de:

* Manter a apuração de PIS/COFINS (com suas regras de crédito restritivas).

* Manter a apuração de ICMS/ISS.

* E, ao mesmo tempo, calcular a nova CBS/IBS (com crédito financeiro amplo) sobre a mesma base de receita.

Quem não iniciar seus projetos de adequação de sistema em 2025, começará 2026 em situação de total vulnerabilidade.

Enquanto muitos gestores miram 2033, o ano da "limpeza" final, eu afirmo que o ano mais crítico de toda a transição será 2026.

Será o ano em que a teoria da reforma encontrará a dura realidade do "Custo Brasil" operacional. O sucesso não será medido pela economia tributária — que ainda não virá —, mas pela simples capacidade de sobreviver ao compliance duplicado sem multas, autuações ou paralisação dos sistemas.

A agenda dos empresários para 2025 é clara: mapear processos, alocar orçamento robusto para TI e treinar exaustivamente as equipes. O futuro simplificado que todos esperamos depende de atravessar o pântano de complexidade que será 2026.

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